18 de junho de 2008

Ditos e Escritos: Observações e Comentários sobre a aula.

Acerca da aula de ontem podemos fazer algumas considerações: muito foi dito pelo que foi escrito, e muito pouco foi escutado.
Vamos por partes.
Na primeira parte da aula foi posto em questão se o aluno Salomão ( que ora escreve este texto) gostaria que seu texto intitulado (Dês) construindo nossos eus: Como alguém se torna o que se é, poderia ser lido em sala. Apois a leitura do referido texto, e o questionamento sobre o seu início, que se configurou, assim ficou claro, creio eu, que foi um equivoco(a questão sobre os “Gritos da Filosofia”) entramos propriamente no texto e sua provocação. O que de inicio ficou na questão da psicologia normalizadoras, que na sala não há adeptos (assim eu entendi, alguém pode me corrigir se minhas lembranças não forem fieis)e que esses ecos não produziriam efeitos(!). Ora, embora não haja tais psicólogos na sala(pois o texto não fala dos psicólogos desta sala, pois no texto não aponta aquele ou este psicólogo), mas não há esse tipo de psicologia? Não é esse tipo de psicologia que Foucault denuncia? Que o Maurício e a Liliana e o Kleber denunciaram em suas aulas? Imagino que a resposta para essas perguntas seja sim.
Em seguida o texto toca na questão do que é normal e anormal, onde recorro ao dicionário de filosofia. Nesta parte do texto, referência direta a Foucault, há um retorno a uma brincadeira em sala (a questão da carroça,) e dos gostos musicais (chupa que é de uva), depois da mulher como animal doméstico (a mulher não é um animal? Pois o homem é um animal racional, assim como a mulher,) etc. Ora, o que me causou espanto foi que estas questões, e as outras que elas suscitaram como os métodos, já foram discutidas em sala nas reuniões com o Maurício, sem grandes assombros. Agora a discussão versa sobre o método.
Para que um ramo do conhecimento se considere ciência é necessário “poder repetir os experimentos feitos e conseguir os mesmos resultados” (imaginando que Karl Popper tenha razão!). E isso se chama método. Acredito que aqui, em filosofia, e nos outros ramos do conhecimento. Eu não sou psicólogo, mas talvez alguns psicólogos concordem comigo é que: o que se observa na psicologia é que o objeto de estudo (mente humana, subjetividade ou mesmo o EU, enfim o homem) é muito complexo para que os métodos e equipamentos existentes hoje sejam capazes de determinar um resultado mais preciso. Essa busca de novos “processos de subjetividade” é necessária, pois o modelo de homem que temos hoje (calcado na razão, na substância) já é ultrapassado ou não responde mais às exigências do mundo moderno. Isto foi discutido, de forma magistral pela disciplina Tópicos Avançados em Psicologia Social e Política até agora.
“Como extrair um método (seja terapêutico ou simplesmente de investigação do sujeito) onde o próprio objeto de estudo (o sujeito) não pode ser capturado?” Onde o sujeito não é constante? Perguntei a Maurício em uma das aulas e perguntei ontem, embora também estivesse no meu texto. Essa pergunta não é pertinente?
Em seguida falamos sobre o sobre fronteiras discursivas, marcar território. Talvez esses "territórios" tenham sido defendidos não só por mim como por todos em sala, que participaram da discussão. O exemplo e a intervenção feita por Aldo (acho que esse é o nome dele) me fez lembra as palavras de Foucault: “o discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo pelo que se luta, o poder de que queremos nos apoderar”. Foi dito, em um determinado momento na sala, que meu texto se alia ao que eu denuncio, ora não vejo dessa maneira. A proposta do Nietzsche (se minha hipótese estiver certa no meu projeto) é uma psicologia da experiência de si, Segundo Didier Eribon, em sua biografia de Foucault, a proposta de Foucault em suas obras também é essa (Cf.Michel Foucault uma biografia p.42).
Minha última intervenção (ou fala para não recorrer em erro discursivo) foi sobre a noção do bom encontro entre os gregos. Bom ou mau encontro está ligado à possibilidade de expansão ou de decomposição que sofrem os corpos a partir das ligações estabelecidas.
Para Nietzsche, o encontro em si não dita o que deve ou não ser feito, como deve ser feito, mas uma ética que faculta o pensamento frente às experiências vividas por cada um. É por aí que Foucault (segundo minhas leituras) ainda se ocupa na Hermenêutica do Sujeito, onde ele irá explorar em vários momentos da nossa cultura ocidental a noção de uma ética do cuidado de si. Um dos eixos da temática foucaultiana é a questão do sujeito, ponto de ruptura com a filosofia clássica e ao mesmo tempo ponto de articulação e debate com as formas de cuidado de si que a nova noção de sujeito reclama. Não sou psicólogo, o curso tópicos é do mestrado em psicologia. Talvez alguns do senhores lembrem que Deleuze era de formação Filósofo e Guattari também. Eles não tinham formação em psicologia. Sei também que o debate que tivemos ontem foi muito salutar, meus questionamentos(que versam sobre minhas inquietações, meu projeto e meus encontro com Deleuze, Foucault e sobretudo o Nietzsche) engendraram o que foi dito e escrito ontem e hoje, e, amanhã. Pois aprendemos com a filosofia,(e não precisa ser filósofo para aprender essa lição) que o real sempre está em construção, as inquietações estarão presentes, a menos que paremos de pensar. Talvez como o sol para Tobias Barreto e não para Silvio Romero.

Nenhum comentário: