12 de maio de 2008

Primeiros contatos

Sempre que nos deparamos com algo novo nos sentimos estranhos frente a ele. Buscamos referências para o que nos chega, creio que sendo uma forma de termos uma certa segurança naquilo que fazemos ou estamos por fazer. A primeira leitura que fiz do texto do Simondon (A Genese do Individuo) me veio esse estranhamento ao que me deparava. Apesar de algumas idéias por ele trabalhadas, termos conceituais serem próximos do que tenho familiaridade, ainda sim fiquei perdido no que lia. Claro que numa primeira leitura nao dá pra compreender o que se quer passar em um texto ou em um livro, mas essa primeira leitura já nos faz perceber de que forma o que lemos mexe com a gente, onde aquilo reverbera. Vejo isso como algo bom, pois demonstra que, no meu caso, nao estou passando despercebido do que me rodeia, das atividades que faço no meu dia-a-dia. Foi e ainda é interessante mergulhar nas idéias do Simondon e ver que isso está presente em outras leituras que ja fazia, como do Deleuze (o qual também lemos um texto que fala sobre o Simondon - "A própsito de Simondon"). Já nas segundas, terceiras leituras dos citados textos começa-se a perceber as aproximações desses autores em suas produções. E isso ficou bem claro no texto de Liliana (O coletivo como campo de intensidades pré-individuais), onde ela expõe de uma forma muito bonita (como diria Bruno) essas aproximaçoes entre as idéias do processo de individuação de Simondon, situando num campo de forças de um coletivo transindividual com a noçao de campo transcendental elaborado por Deleuze. ( No momento nao me arrisco a explicitar melhor sobre essas idéias, ainda estou nesse processo de estranhamento)
Bom, o primeiro encontro da disciplina de Topicos Avançados com Liliana, foi feito jsutamente por uma aproximação com as principais idéias do Simondon. Liliana fez uma apresentação sobre a vida de Simondon. Fez também uma explanação dos principais conceitos que estão presentes no texto. Todo o encontro foi uma conversa de uma forma "geral" sobre as idéias do Simondon, ficando pra o proximo encontro uma discussão mais ampla sobre esse assunto. Como disse antes, fica dificil pra mim apresentar esses conceitos de uma forma mais clara...vamo ver no que dá daqui pra frente.

6 de maio de 2008

Estrátégias de poder em Foucault: disciplina e vigilância

Olá a todos, cá estou, em uma singela tentativa de expressar os entendimentos dos temas discutidos em nosso último encontro acadêmico. Então começemos pelo começo.. a partir das micro-relações Foucault propõe a idéia de um poder disciplinar que põe em funcionamento uma rede de procedimentos e mecanismos que atinge os aspectos mais sutis da realidade e da vida dos indivíduos, podendo ser caracterizado como um micropoder ou um subpoder, que se capilariza e consegue se fazer presente em todos os níveis da rede social. O poder disciplinar estudado por Foucault apresenta duas formas básicas de punição: o suplício e a prisão. É em decorrência dessa última que surge a disciplina, com suas funções e instrumentos de controle.
Dessa maneira, as relações de poder podem ser percebidas em qualquer situação cotidiana; entretanto, elas adquirem maior eficácia quando estão institucionalizadas. Essa idéia parece entrar em contradição com o alerta de Foucault concernente ao estudo das relações de poder nas instituições. Ele expõe três argumentos para demonstrar a inconveniência desse tipo de estudo: a função reprodutora dos instrumentos de poder que as instituições possuem para garantir sua própria conservação; a explicação do poder pelo poder, uma vez que se busca a causa das relações de poder nas instituições; e o privilégio ou das regras ou do aparelho estatal como marcas da manutenção da lei por meio da coerção.
Ao pensar-se em subjetividade autônoma deve-se compreendê-la como a capacidade de pensar. No entanto, um pensar não com sentido cartesiano, mas como uma forma de problematizar as verdades, as leis, as forma de vida, etc. Foi isso que fez Foucault perceber que talvez o problema político, ético, social e filosófico do presente, não seja tentar libertar o individuo do Estado e de seus instituições, mas liberar-nos tanto do Estado quanto do tipo de individualização que está ligado ao Estado.
As discussões do último encontro transpassaram a questão da comunicação social na atualidade se configurar como um dispositivo de disciplina e controle, o que pode ser percebido claramente nas discussões enviesadas dos meios de comunicação de massa, situações como" Caso Isabela", entorpecem e desviam o interesse dos espectadores de assuntos mais pertinentes à produção de sentido de sua individualidade, concordo com as colocações da colega Ariane, quando enfatiza que o sujeito deve produzir um sentido ao seu cotidiano, mesmo que seja ele em forma de "válvula de escape" e que se "escape"em um encotro com travestis ;P
O que pude apreender dentro dessa discussão é que, é então, a partir da luta travada no cotidiano, das estratégias de ação, das práticas discursivas que podemos compreender a idéia foucaultiana de objetivação do sujeito, posto que é a partir daquelas que o sujeito irá se objetivar, se constituir.