27 de abril de 2008

Boa Viagem

Impossível para mim a tarefa de fazer um resumo de nossa última aula (22/04/08), até por que algum tempo se passou e talvez eu comece a aceitar a idéia de escrever logo após o término da aula. Enfim, mas a impossibilidade do resumo não é apenas pelo tempo que se passou até eu escrever isto, mas sim da não linearidade, da multiplicidade de vozes que dialogavam na sala de aula. A aula começou com Kleber convidando-nos a estabelecer conexões, a apresentar questionamentos em torno do texto do autor Dreyfus, sobre trabalhos de Foucault. Foi a partir de então, ou talvez não partisse daqui – eis que entra a impossibilidade de descrever, ou até mesmo de alicerçar-me em minhas anotações – que não sei bem como, fomos parar em uma discussão sobre superficialidade e profundidade. Ah, lembro que essa discussão tinha a ver com a Verdade, e com a Genealogia de Foucault como Método. No sentido de não buscar uma verdade que não aparece, “escavando para”, ou “retirando-se máscaras” para encontrar a Verdade. Mas sim, atentar para a verdade que aparece na superfície.
Também não sei como fizemos com que nossa imaginação nos transpusesse para paisagens com praias, cajueiros e ao abrimos os olhos nosso dedo apontava para um caju que imaginamos. Enfim, tantos comentários, pensamentos, afetações que fico imaginando o que pensaria alguém não pertencente ao mundo foucaultiano, deleuziano, guatarriano, entre outros ou alguém não filosófico ou psicológico que acompanhasse os acontecimentos daquele cenário... Quiçá penso o que a aula produziu naquela multiplicidade de sujeitos, a multiplicidade de compreensões. Nossa, realmente, a aula foi muito interessante, mais ainda foi saber um pouco sobre a vida de Foucault, que o mesmo como militante de uma revolução, que não lembro qual, opunha-se ao que Simone de Beavouir, construía para a emancipação da mulher. Fato esse que pode ser associado às contradições que parecem estar inerentes a nós mesmos, mesmo quando parecemos estar imunes a elas, principalmente se falamos em posicionamento e fazer política.
Para mim, na minha produção de sentido, fomentada pelas colocações de Kleber, sobre “com sentir” e consentir. É como se Foucault, nos nossos dias atuais, nos convidasse a não apenas consentir sobre as coisas, mas sim, fazer com que essas coisas façam sentido para nós. Um convite a produzir um sentido, em oposição a apenas consentir. E talvez até mesmo, experienciar um “sem sentido”, para poder enunciar se aquela verdade que está sendo dita produz sentido. Talvez essa verdade nunca se torne hegemônica, e também nem é essa a intenção, até mesmo para que ela possa, muito mais do que afirmar verdades, questionar sobre elas, sobre os autores das verdades, dos lugares e poderes das Verdades. E por fim, minhas anotações dizem que na próxima aula nos deteremos nos capítulos 7 e 8. Até a próxima viagem, até breve!!!

3 de abril de 2008

Primeira Vez

Bom, o título já deixa claro que não sou acostumado a usar esse tipo de ferramenta, mas por pura pressão de Kleber e Maurício fiquei encarregado de fazer essa primeira postagem. O que me pareceu mais óbvio, foi tentar dar uma síntese do que rolou na primeira aula. Vou tentar seguir a ordem das anotações que eu fui fazendo, acredito que algumas coisas vão ficar meio desconexas e espero que vocês comentem e denunciem possíveis falhas. Vamos lá.... A aula foi dividida em dois momentos, no primeiro rolou aquela apresentação, a discussão de como a matéria vai funcionar e etc. E a segunda parte que foi logo depois do intervalo que entramos na temática da matéria mesmo.
Vamos a primeira parte... Maurício começou fazendo uma apresentação do programa, delimitando a rede conceitual - Nietzsche, Foucault, Deleuze (e Guattari?), Simondon e pensadores próximos como Espinoza e Bergson - que irá permear a discussão e a retomada histórica do conceito de genealogia e sua proximidade com o conceito de subjetivação. Daí, ele explicou também que faríamos apenas uma avaliação, que teria que ser pensada mais a frente, mas que o foco seria a produção acadêmica.
Fomos apresentados também à proposta de funcionamento do blog, como possibilidade de enriquecimento da discussão, que pretende funcionar da seguinte forma: quem quisesse postar, teria que mandar um e-mail pra Kleber e aguardar o convite para ser um “membro do grupo” (não sei se é isso), sendo que o esquema proposto é que a cada aula, no mínimo uma pessoa fique responsável por postar algo. Em destaque, para que o blog ganhe fôlego é preciso que os demais alunos também participem com os comentários (para isso não precisa ser membro) e qualquer outra forma que pareça pertinente. Como pareceu que a maioria do pessoal estava interessado em experimentar, ficou decidido que as primeiras postagens seria a dos “alunos regulares” do mestrado (no caso, eu, Helmir, Ariane e Sandra).
Logo depois entramos na discussão do horário e ficou acertado que começaríamos sempre às 17h20minh com um pequeno intervalo pra descanso (não lembro o horário exato). No meio disso Kleber pediu pra que rolasse uma apresentação para conhecer as pessoas.
Depois do intervalo, Maurício adentrou na temática (de forma bem sintética, algo não tão comum de se ver), tentando fazer uma pequena introdução histórica do conceito de subjetivação a partir do século XIX, pegando principalmente as perspectivas que começaram a minar o pensamento identitário, essencialista. Após uma breve passagem por Freud e Marx (que acabei anotando muito pouco, favor comentem) ele começou a citar o estruturalismo de Saussure, que estabeleceu a identidade não como algo em si, mas sim a partir de um jogo de oposições que se dá em relação (só se define o preto em oposição ao branco, por exemplo). De acordo com Maurício, vale ressaltar que o estruturalismo ainda supõe uma certa "natureza", uma certa estrutura formal, um tipo de essencialismo sem conteúdo.
É no interior desse contexto de crítica ao pensamento identitário/essencialista - que só foi possível a partir de um viés etnográfico, histórico -, mas pegando a partir de Nietzsche, que emerge o pensamento de Michel Foucault e Gilles Deleuze. O filólogo alemão defendeu o questionamento dos valores, tendo como problema como os homens constroem para si os valores e o sentido de suas próprias existências? É justamente aqui que a Genealogia toma forma. A partir desse ponto, Nietzsche defende que toda moral irá surgir num jogo de forças: todos os nossos saberes, nossas condutas, nossas motivações, não podem ser separados de jogos de forças, de poderes produzidos numa determinada conjectura histórico-social.
Em conseqüência desse pensamento, fundamentos da modernidade são abalados; a consciência, o homem, o pensamento passam a ser encarados não como fundadores e sim como efeitos, produtos de toda uma conjunção de forças. E aqui podemos identificar a proximidade de Nietzsche e Foucault, para este último, em cada momento da história vão existir modos de produzir sujeitos a partir de determinados jogos de forças. Falar de Natureza Humana, Essência Universal do Humano, não se torna aqui uma questão, salvo quando se pensa em termos de invenção, de produção histórica que emerge em determinado contexto.
Bom, como expliquei lá em cima, tentei fazer uma síntese do que rolou na aula, espero que tenha ficado inteligível e que ajude a movimentar a blog. Até a próxima terça...