5 de novembro de 2008

Quem é o autor? quem é o cantor? quem mexeu no meu queijo?...

É difícil escapar dessas perguntas: quem fez isso?; quem fez aquilo?; quem é o sujeito da ação? ou melhor o que há por trás desse sujeito da ação, que possa explicar determinada ação? Percebo que hoje em dia, cada vez mais, se busca apronfundar os acontecimentos, com o intuito de trazer a tona a verdade deste. E nesse movimento pontos de problematização importantes se perdem numa busca por uma Verdade, a qual resumiria tudo o que se passou. Posso dar exemplos bem próximos a nós acadêmicos, mas que nos passam tão distantes. Vamos ao exemplo:

- Desde a semana passada a UFS, ou melhor, uma parte da reitoria foi ocupada por um grupo de estudantes tanto do campus de São Cristóvão, quanto de Laranjeiras, motivados por uma deficiencia, senão, descaso, da política implementada pela reitoria quanto a assistencia estudantil voltada aos estudantes, residentes, do campi de Laranjeiras. Só pra se ter uma idéia, os residentes de Aracaju recebem um bolsa de aproximadamente R$ 720,00 para manter o local onde vivem: comprar alimentos, pagar agua, luz, telefone...os residentes de Laranjeiras recebem algo em torno de R$ 400,00 para se manter, sendo que existem residencias por lá que comportam até 9 estudantes. Estes estudantes, já há um tempo, demonstram que esse dinheiro não é suficiente, levaram a conhecimento da responsavel por distribuir e administrar essas bolsas planilhas nas quais expoem a insuficiência. Segundo as informações que tive de alguns estudantes, essa pessoa responsável não está de acordo com o que vem sendo apresentado pelos residentes e ainda, promove perseguiçao a aqueles que são mais persistentes nas cobranças, tendo até suspendido uma das bolsas...bom, pra nao delongar mais essa historia, porque quero pegar um ponto dela, eu fui ver como andavam as discussões sobre essa temática na comunidade da UFS no Orkut. E qual foi minha "surpresa" ao ver que nao havia discussão. Um dos estudantes envolvidos na manifestaçao postou informações sobre o que estava ocorrendo, porém o que mais se discutiu não foi sobre a política de assistência estudantil da UFS, ou a perseguição, mas sim sobre o apelido usado por esse estudante em seu perfil do Orkut: "Nazi"...as pessoas falavam coisas do tipo "como vou dar atenção a um tipo de manifestaçao dessas se quem a está informando é alguem com alcunha de Nazi, que deve ter algo a ver com Nazismo?"...e por ai se tomou a discussão...passaram a falar do passado de alguns integrantes, do que eles fazem cotidianamente, como se vestem, bla bla bla....Como falei, em nenhum momento alguém partiu pra discutir o que vem acontecendo em nossa universidade há um tempo, desde a implementaçao dessa politica de expansão, REUNI e o escambal..que tipo de efeitos isso está produzindo no modo de funcionar da universidade, que tipo de corpo, seja docente, discente, tecnico (pouco importa) está sendo produzido...

Com esse exemplo, queria trazer para mais próximo de nosso cotidiano as discussões que nos atravessaram na noite de ontem e outras noites...venho percebendo, não só em nossos encontros, como em outros, que nos parece difícil fazer esse tipo de exercício. Apesar de fazermos questinoamentos sobre modos de vida diversos, mas a vezes nos falta ou nos passa batido, nos aproximar do que nos está proximo, mas distante...claro que não quero aqui desqualificar o que estamos ha um tempo problematizando. Mas penso que autores que nos são mais atravessados, como Foucault, Deleuze, Guattari, etc, tinha esse tipo de movimento nos exercicios de pensamento deles, de partir de algo que os estivesse mais próximo, pra poder problematizar os modos de vida aos quais estavam imersos. Acho que como Dago trouxe ontem, não basta só entender o que eles quiseram dizer com determinado conceito, mas de que forma ele pode funcionar no meu modo de vida, seja no trabalho, na universidade, no meio de uns agarros, etc.. e acho que pra isso é preciso que nos atentemos mais ao que nos rodeia. E muitas das vezes acabamos que indo "para além do que se vê" para fazermos determinada discussão. Quando estavamos discutindo a proposta da disciplina, fui bem enfático na minha contraposição quanto ao voltar ou nao para os textos passados, porque achava que esse movimento minaria essa atençao para o que estava nos rodeando naquele momento e que achava - e de certa forma ainda acho - que nos estava escapando. Estajamos atentos, então hehehe.


blog do movimento da ocupaçao: http://ocupacaoufs.blogspot.com/